12/03/2020
Por Rita Mury e Andréia Salomão*
Toda instituição escolar constrói seu projeto pedagógico a partir de uma visão de homem e de mundo que orienta suas decisões e ações. A indagação que permeia sua construção é: que sujeito se pretende formar? Enquanto instância de formação, para além dos aspectos acadêmicos, a escola aparece como parceira da instituição familiar, tanto na socialização quanto na construção de valores específicos. Nesse sentido, é possível afirmar que todo colégio jesuíta baseia suas ações pedagógicas em valores cristãos e, especificamente, nos ensinamentos de Inácio de Loyola e em sua máxima: “ser mais para os demais”.
Na visão inaciana, o sujeito deve ser orientado a ser sua melhor versão para o serviço aos outros. Toda experiência é orientada com vistas a esse fim, buscando a formação de homens e mulheres “conscientes, competentes, compassivos e comprometidos”. O olhar individualizado para cada estudante, marca da proposta inaciana de educação, se concretiza na compreensão de que somos com e para os outros. A escola é espaço coletivo e, por isso, lugar de diferenças. A diversidade promove conflitos que ensinam. Aprender a esperar, a fazer concessões, a ouvir, a dialogar, a valorizar o espaço e a voz do outro como sujeito semelhante a si mesmo são aprendizagens essenciais para o horizonte de formação estabelecido por um colégio jesuíta.
A aprendizagem, contudo, é um processo. Não se dá num momento específico, mas nas relações construídas a partir de vivências, erros e acertos. Aprender integralmente, como preconizado pelo Projeto Educativo da Rede Jesuíta de Educação da Província Brasil, indica, entre outros objetivos, a necessidade de desestabilizações constantes, de convivência com diferentes referências e pontos de vista, de reconhecimento das dificuldades e da busca por superação.
Ao escolher a escola como parceira para a formação de seus filhos, as famílias afirmam comungar dos mesmos ideais e confiar no caminho construído por essa instituição a partir do conjunto de projetos apresentados ao longo da escolaridade. Seu papel é essencial no acompanhamento das atividades, bem como no enaltecimento e no reforço dos valores ensinados na escola. Mais que isso, qualquer novo aprendizado se edificará a partir da base estabelecida pela família.
Nesse sentido, falar de parceria entre família e escola significa partilhar dos mesmos preceitos, mas em campos de ação absolutamente distintos. As decisões pedagógicas, de competência da instituição escolar, colaboram para a formação dos sujeitos em suas diferentes dimensões, mas não substituem a família e seu papel. Da mesma forma, a educação familiar, incluindo o acompanhamento do desenvolvimento e do processo de aprendizagem, não prescinde das vivências no ambiente escolar.
* Rita Mury e Andréia Salomão são coordenadoras de Série no Colégio Santo Inácio.
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