Notícia - São falsas notícias sobre supostos danos ao cérebro causados pelos termômetros infravermelhos

Foto

18/09/2020

Boatos de que os termômetros infravermelhos causam prejuízos ao cérebro têm circulado pelas redes sociais nas últimas semanas. Os dispositivos são utilizados para verificar a temperatura sem contato direto com a pessoa. Especialistas afirmam que as notícias se tratam de fake news, já que não há evidências científicas que comprovem a informação.


No retorno às atividades presenciais, todas as pessoas - alunos, responsáveis e visitantes - que entrarem nas dependências no Colégio Santo Inácio passarão por uma triagem, que inclui perguntas sobre o estado de saúde e medição de temperatura, feita com os termômetros infravermelhos.


A médica do trabalho do CSI, Ana Maria Bustani, explica que o dispositivo não emite nenhuma radiação em direção ao corpo humano. Ao contrário, ele faz a medição ao captar a radiação infravermelha emitida pelo próprio corpo e depois converte em um valor de temperatura. 


Segundo ela, um fator importante para garantir a precisão é que a aferição seja feita na testa: “Há estabelecimentos que estão adotando a aferição no pulso. Este método está errado, porque não há estudos que atestem que a temperatura obtida no pulso é a correta”.


Antes de serem comercializados, os termômetros passam por uma calibração e a testa é a área do corpo usada durante os testes. Por isso, em geral, é recomendado que esta região específica seja usada na medição no dia a dia por ser mais parecida com a da calibração e, assim, tenha uma maior fidelidade no resultado. 


As informações falsas apontam que o termômetro infravermelho causaria danos à glândula pineal, que está localizada na parte central do cérebro e é responsável pela produção de melatonina, um hormônio derivado da serotonina. A melatonina modula os padrões de sono nos ciclos circadianos e sazonais. Além de ser anatomicamente impossível que a glândula pineal seja atingida, o dispositivo mede a intensidade da radiação de infravermelho emitida pela superfície de um corpo, funcionando apenas como um detector, e não como uma fonte de radiação infravermelha. 


“A luz vermelha, existente em alguns termômetros do tipo e que costumam causar uma certa confusão, serve apenas como um guia para indicar o local correto para a medição da temperatura. É a intensidade da radiação emitida pelo próprio corpo que determina a nossa temperatura”, diz Ana Maria Bustani.


Vale ressaltar que o termômetro não identifica quem está contaminado com o novo coronavírus, mas, como um dos principais sintomas da doença é a febre, a medição de temperatura se tornou uma das medidas mais frequentes para identificar possíveis riscos e evitar a propagação da Covid-19. Aeroportos, supermercados e hospitais, entre outros lugares, têm adotado essa estratégia para prevenir o contágio. 

 

A utilização do termômetro infravermelho é o método mais seguro, pois diminui a possibilidade de contaminação cruzada entre pessoas. Além disso, o dispositivo é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve trazer o selo de conformidade do Inmetro, que comprova que o termômetro passou por ensaios focados na segurança do equipamento e está dentro dos parâmetros estabelecidos pela Anvisa.


A ingestão de bebidas e comidas ou a prática de atividade física durante ou minutos antes da medição podem ter reflexo na leitura do termômetro e levar a uma imprecisão. Por isso, o protocolo do CSI determina que, se houver alguma alteração suspeita na temperatura de uma pessoa, será feita uma nova medição após alguns minutos.

 

Caso a temperatura permaneça alta, a equipe fará uma investigação sobre o estado de saúde do indivíduo. Se não existirem outros sintomas que possam estar relacionados à Covid-19 ou se não houver causa aparente para a febre, a pessoa será orientada a procurar atendimento em uma unidade de saúde. No caso dos alunos menores de idade, os responsáveis serão imediatamente contactados.